domingo, 7 de abril de 2024

 

Diferença entre Eidos Epoché no Método Fenomenológico de Pesquisa:

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Hiran PINEL, autor.
Em copiando direta e ou indiretamente, referende segundo as normas propostas, no nosso caso, a ABNT.
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INTRODUÇÃO

Há dois momentos indissociados quando se aplica o método fenomenológico objetivando pesquisa e a produção de um artigo científico, por exemplo; ou planeja-se uma prática educacional (existencial) ou uma ação clínica (terapia e ou psicanálise existencial).
Quais são esses dois momentos? O que é e como é fazer isso?
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RESULTADOS E DISCUSSÃO

[1] Eidos:
  • O termo "eidos" vem do grego e significa "essência" ou "forma ideal".
  • No método fenomenológico, o eidos se refere à busca pela estrutura essencial de um fenômeno, ou seja, pelas características que o definem e o distinguem de outros fenômenos.
  • O eidos é algo universal e atemporal, que não depende das experiências individuais ou das interpretações subjetivas.
  • Para chegar ao eidos de um fenômeno, o pesquisador fenomenológico, ou um educador e terapeuta fenomenológico-existencial, atua fazendo acontecer uma redução eidética, ao seu vivido, mas que impõe uma temporária suspensão ou "levantamento para fora" de conceitos pré-estabelecidos, ou pré-conceitos, dos próprios preconceitos, discriminações, estigmas, e bem como de opiniões pré-concebidas, ou mesmo teorizações sobre o fenômeno, e só depois, provoca uma centralização ou uma focalização, a arte e técnica de focar, naquilo que se apresenta de maneira percebida como pura e evidente. Bem, no caso, o pesquisador/cientista, o terapeuta/ psicanalista existencial, aconselhador terapêutico, filósofo clínico, psicopedagogo clínico e ou psicólogo clínico, musicoterapeuta, psicomotricista, psiquiatra etc., deve pensar-sentir-agir o que foi (e para ele o é) o significado de "pureza evidente" para o tempo-espaço de Husserl.
[2] Epoché:
  • O termo "epoché" vem do grego e significa "suspensão" ou "colocar entre parênteses" por um tempo, no tempo que se propõe "suspender", pois as coisas voltam ao seu comum, ao cotidiano.
  • No método fenomenológico de pesquisa (uma profissional de ser cientista, de produzir conhecimento) e ou de ação profissional (de atendimento clínico da psicopedagogia e ou terapia, ou uma aula), a epoché se refere à suspensão do juízo natural sobre o fenômeno que está sendo investigado. No caso do processo aula, o professor ou educador chega à sala de aula, e se coloca com o grupo, em uma postura de escuta de estar ali-agora juntos, em "comum-união", a espera do conteúdo que o próprio grupo tem, e que pouco interessa o estipulado pela sociedade. Na aula estamos em um grupo de aprendizagem cujo conteúdo emerge dele mesmo, individual e grupal, singular e plural, específico e geral, local/ estadual/nacional e internacional.
  • Epoché? O que isso significa? Ora, é o momento em que o cientista, aquele que recorre ao método fenomenológico de pesquisa (que por si só, é uma prática educacional e ou intervenção clínica) deve (pró)curar e ou tentar abster-se de fazer qualquer tipo de julgamento ou melhor. Nesse momento o cientista (pró)cura (e ou esforça-se) fazer isso, evocar-se da urgência de criar um esforço que chegue a isso, e que será algo que valha a pena, pois esse é um dado focal da identificação do método fenomenológico em relação aos outros métodos que circulam "por-aí". É uma atitude arrojada de suspensão de ideias e ações pré-estabelecida. Ir suspenso sobre a realidade do fenômeno, que pretende investigar (ou atender) descrevendo seu existir consigo mesmo (com os outros, no mundo), o "que é" e "como é" ser da pessoa com o fenômeno, o sentido dele se expressar aqui-e-agora, a motivação dele se (des)velar.
  • A epoché é um passo fundamental para evitar que as (pré)concepções do pesquisador influenciem a sua análise do fenômeno.
Em resumo:
  • eidos se refere à busca pela essência do fenômeno, enquanto a epoché se refere à suspensão do juízo sobre o fenômeno.
  • eidos é algo universal e atemporal, enquanto a epoché é uma atitude que o pesquisador deve adotar durante a investigação.
  • epoché é um passo necessário para chegar ao eidos do fenômeno.
Exemplo:
Imagine que você está pesquisando a experiência de viver a dor.
  • eidos da dor seria a sua essência, ou seja, aquilo que a define como dor e a distingue de outras experiências.
  • Para chegar ao eidos da dor, você precisaria realizar uma redução eidética, suspendendo as suas (pré)concepções sobre a dor e focando naquilo que se apresenta de maneira pura e evidente.
  • epoché seria um passo fundamental nesse processo, pois você precisaria abster-se de fazer qualquer tipo de julgamento sobre a realidade da dor, sua natureza ou suas causas.
  • Ambos os movimentos são indissociados
  • Ambos movimentos NÃO são totais e plenos, limitados que são pelo própria existir do ser-aí (Dasein) ser-no-mundo.
  • Os movimentos fenomenológicos são relativos, mas que pede um esforço do pesquisador, uma luta sutil e sensível - e generosa de assepsia de um balaio cheio de informações, por vezes, atordoantes, muita coisa pré-estabecida, disse-me-disse etc. Fazer um exercício fenomenológico implica produzi-lo sem desgastes subjetivos e comportamentais do investigador, para provar que o método fenomenológico é a melhor ferramenta e excelente dispositivo para estudar a experiência de ser do ser humano que é ser-no-mundo, sua subjetividade em ação, subjetivação.

CONCLUSÃO

Para aprofundar seus conhecimentos sobre eidos e epoché no método fenomenológico de pesquisa, você pode consultar as seguintes obras:
· HUSSERL, Edmund. A ideia da fenomenologia (1907)
· HUSSERL, Edmund. Coleção Os Pensadores. ed. Abril
· HUSSERL, Edmund. A crise da humanidade europeia e a filosofia.
· HUSSERL, Edmund. Conferências de Paris.
· HUSSERL, Edmund. Meditações Cartesianas: introdução à fenomenologia.
· DARTIGUES, André. O que é a fenomenologia?
. LYOTARD, Jean-François. A Fenomenologia.
· DEPRAZ, Natalie. Compreender Husserl.
· MOREIRA, Daniel Augusto. O método fenomenológico na pesquisa.
· HEIDEGGER, Martin. (1927). Ser e tempo.
· MERLEAU-PONTY, Maurice. (1945). Fenomenologia da percepção.
MERLEAU-PONTY, Maurice. As ciências do homem e a Fenomenologia
· SARTRE, Jean-Paul. Ser e nada.
· SARTRE, Jean-Paul. Questão de método.
· SARTRE, Jean-Paul. Crítica da razão dialética - MINHA NOTA: aqui tem um capítulo sobre "o método", e um outro, perfeito, que adoro, sobre a "Psicanálise Existencial".
· FORGHIERI, Yolanda Cintrão. Psicologia Fenomenológica.
· FORGHIERI, Yolanda Cintrão. Aconselhamento terapêutico.
· AMATUZZI, Mauro Martins. Por uma psicologia humana.
· PINEL, Hiran. Método fenomenológico existencial para o terapeuta, professor e educador.
· PINEL, Hiran. A formação do pedagogo hospitalar como um ator no/do clonw pelo método fenomenológico existencial.
· PINEL, Hiran. O método fenomenológico na formação da professora de classe hospitalar.
· PINEL, Hiran. Pedagogia hospitalar; uma abodagem centrada na pessoa encarnada.
· PINEL, Hiran. Brincar de viver enquanto a vida há; os profissionais nos espaços (e tempos) da brinquedoteca hospitalar.
· PINEL, Hiran. O método fenomenológico aplicado à Pedagogia Especial, Hospitalar e Inclusiva: a pesquisa e as práticas educacionais.
. PINEL, Hiran. Variação eidética; a prática na pesquisa pedagógica.

NOTA
Sempre é adequado ter a humildade não-submisa de recordar ao leitor de que um bom modo de ser na Fenomenologia é a de entender (e quem sabe, compreender) as diferenças (e semelhanças) entre eidos epoché consultando as fontes de onde nasceram tais ideias, a começar por Husserl seu criador, e seu renomados e grandes (e de certa autonomia do mestre) e seguidores como Heidegger, Merleau-Ponty, Sartre, Trần Đức Thảo, Alfred Schutz, Rollo May, Hans Georg Gadamer, Yolanda Cintrão Forghieri Teresa Erthal, Virgínia Moreira, Irving D. Yalom etc., e se familiarizar com os debates e pesquisas que foram realizados no âmbito da fenomenologia.
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sábado, 6 de abril de 2024

 O MÉTODO FENOMENOLÓGICO DE CARL ROGERS

  • Hiran PINEL, autor.
O método fenomenológico de Carl Rogers se inspira na ideia de que a melhor maneira de compreender a experiência de uma pessoa é através da sua própria perspectiva, e com isso "ir as coisas mesmas", no caso, "ir à experiência mesma" da pessoa, é nela que está o ser a ser descrito e compreendido, e nela que tudo se encontra do experienciar. Rogers defendia a importância de "entrar no mundo do cliente", e essa é "a coisa mesma", o modo se "ir a essa coisa", é "entrar no mundo experiencial do outro" e descrevê-lo objetivando compreende-lo. ''Perceber as coisas'' do "seu" ponto de vista, o ponto de vista dele, do outro. e isso aproxima-se a um "ponto central" do "método fenomenológicorogeriano; o profissional da clínica e da pesquisa precisa envolver-se existencialmente com o outro, como SE esse outro fosse. Assim, a proposta de Rogers é de ir à subjetividade, e isso o traz mais e mais ao método fenomenológico.
Princípios fundamentais do Método Fenomenológico em Rogers: [1] ESCUTA EMPÁTICA: o pesquisador (ou o terapeuta) escuta o cliente (ou sujeito da pesquisa) com atenção e compreensão, buscando entender seus sentimentos, pensamentos, ações corporais nas experiências, não escapando dessa situação experiencial de "ser o outro" (SE), evitando distrações, perda da atenção naturalmente focada no outro; [2] ACEITAÇÃO INCONDICIONAL: do ser humano tal qual ele o é; o cientista (e ou clínico, ou os dois) aceita o cliente/ paciente como ele é, sem julgamentos ou críticas. O sujeito da pesquisa também no campo vai sem julgar, suspende as críticas, as teorizações, os preconceitos, estigmas, discriminações; [3] CONGRUÊNCIA: o terapeuta e pesquisador devem ser autênticos e verdadeiros em sua relação com o cliente ou sujeito da pesquisa; ser honesto, mas de uma honestidade não violenta; [4] RESPEIRO & PERMISSÃO À PESSOA SER: O terapeuta e pesquisador deve reconhecer a autonomia do cliente, mas de um autonomia diante do outro, não de uma encapsulada. O pesquisador reconhece a capacidade do outro de tomar suas próprias decisões, ele com ele mesmo e com o outro, e os outros, já que a pessoa é relação e é encontro.
Aplicação do Método Fenomenológico >>> método fenomenológico é aplicado na terapia através de algumas técnicas específicas, como: REFLEXÃO: o terapeuta reflete os sentimentos e pensamentos do cliente, sua expressão corporal, ajudando-o a ter uma maior clareza sobre sua experiência, e uma ajuda pautada pelo cuidado. Na reflexão, no momento da descrição do vivido no set clínico ou no set do campo, o pesquisador interrogará ao texto descrito: O que é e o como é essa pessoa nessa experiência vivencial?. Tem ainda a CLARIFICAÇÃO: o terapeuta (pró)cura e ou busca esclarecer os pontos que o cliente está expressando de forma confusa ou incompleta, deixa claro o outro, do ponto de vista daquele outro; o pesquisador (e nem o clínico) se posiciona interferindo; FOCALIZAÇÃO: o terapeuta cuida para que o cliente e ou o sujeito da pesquisa se concentrem em um determinado aspecto de sua experiência, aprofundando sua compreensão. No caso da pesquisa, o cientista foca na experiência do outro, e se aprofunda em sentir-pensar-agir o ser dele (da pessoa da pesquisa) na experiência pesquisada.
Benefícios do Método Fenomenológico: O método fenomenológico, como um modo de intervenção ou de prática educacional existencial, pode trazer diversos benefícios para o cliente ou para o sujeito da pesquisa, e aqui-agora fica evidenciado de que o método de pesquisa tem impacto de ação. O encontro pesquisador-pesquisado por produzir melhor autoconhecimento, ou seja, o paciente, ou pessoa da pesquisa, se torna mais consciente de seus sentimentos, pensamentos, corpo, raciocínio, emoções, desejos - tudo isso contido nas experiências; crescimento pessoal: desenvolve a capacidade do outro em lidar com situações difíceis e de se adaptar às mudanças, repetindo: a função do pesquisador pode ser descrever o impacto do método fenomenológico de pesquisa sendo transformado em intervenção, mas de modo mais comum, essa não é a meta do pesquisador, ainda que isso possa ocorrer, se o pesquisador realmente ser um diferencial na vida do outro, veja que o método traz elementos da clínica; melhora nos relacionamentos: o outro se torna mais capaz de se comunicar e de se relacionar com outras pessoas, melhorando a qualidade relacional oferecida ao outros, e o encontro, por si só, é a experiência.
Críticas ao método fenomenológico: TODO MÉTODO DE PESQUISA TEM SEUS LIMITES, E PODEMOS LEVANTAR DIVERSAS CRÍTICAS. O método fenomenológico tem sido criticado por ser uma abordagem "muito subjetiva", e por algumas não levar em consideração os fatores sociais e culturais que podem influenciar a experiência do cliente e do pesquisador, mas isso é superado quando Rogers escreve "Sobre o poder pessoal", quando, por exemplo, ao se interessar pelo livro de Paulo Freire, "Pedagogia do Oprimido", anuncia as humanidades, mas acima de tudo denuncia as violência das instituições, e a própria ação desse psicólogo e educador em adentrar aos movimentos políticos, revela sua teoria, ele foi um ativo cidadão popular e conhecido, até popularmente, emgajado contra a bomba atômica. Adicionado a isso, alguns críticos argumentam que o método consome muito tempo e carece de uma estrutura teórica clara. O tempo consumido é na terapia, e essa é sua benesse, na pesquisa, não há interesse da terapia, ainda que possa provocar mudanças positivas do outro - MAS, não é a meta, a não ser que seja, mas aí é outra modalidade de pesquisa fenomenológica inspirada em Carl.
Conclusão: o método fenomenológico de Carl Rogers é uma ferramenta valiosa para a terapia, e que funciona para a pesquisa, e isso fica evidenciado, pois o Rogers produzia clínica e ao mesmo tempo, criava pesquisa, resultando em seus famosos textos em livros e em artigos. O caso é que a ideia de método fenomenológico rogeriano, permite ao terapeuta (e ao cientista) descrever detalhadamente, e com isso, naturalmente compreender a experiência do outro de forma profunda e significativa, de uma nova forma de "com+preender". Ao criar um ambiente seguro e acolhedor, o terapeuta (e cientista) ajuda pela vida do cuidado ao cliente (e ao sujeito da pesquisa), podendo facilitar para que ele explore seus sentimentos, pensamentos, raciocínios, emoções, desejos, corpos - a experiências, e a encontrar suas próprias soluções para seus problemas. ou que o sujeito da pesquisa saída dele em um processo de autocompensão, algo de si com o outro no mundo.
Para aprofundar seus conhecimentos sobre o método fenomenológico de Carl Rogers, você pode consultar as seguintes obras:
  • Rogers, C. R. (1961). On becoming a person. Boston: Houghton Mifflin.
  • Rogers, C. R. (1970). Grupos de encontro
  • King, M. (2001). The human journey: A biography of Carl Rogers. New York: Human Sciences Press.
  • Kirschenbaum, H., & Henderson, V. L. (1990). Carl Rogers: Dialogues on his life and work. New York: Houghton Mifflin.
  • Rogers, Carl. Sobre o poder pessoal.
  • Rogers, Carl. O homem e a ciência do homem.
  • Zimring, Fred. Carl Rogers. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. Site: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me4665.pdf
  • Rogers, Carl. Liberdade para aprender.
  • Forghieri, Yolanda Cintrão. Psicologia fenomenológica.
  • Amatuzzi, Mauro Martins. Por uma psicologia humana.
Lembre-se de que a melhor maneira de compreender o método fenomenológico de Carl Rogers é ler as obras de Rogers, as obras de seus principais críticos e se familiarizar com os debates e pesquisas que foram realizados no âmbito da psicologia.
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Hiran Pinel, autor.

 Biografia

PHILIPPE PINEL, PAI DA PSIQUATRIA, PAI DA PEDAGOGIA HOSPITALAR

Hiran Pinel, autor.

A Academia Nacional de Medicina (ANM) produz uma pequena biografia de Philippe Pinel (1745-1826), considerado o fundador de uma Psiquiatria científica, e que aqui-agora provamos ser também um Pai da Pedagogia Hospitalar e da Classe Hospitalar - ou um dos precursores. Incluímos no texto um doutor Pinel formando um recurso humano para o auxiliar naquela hercúlea tarefa médica, de enfermagem, pedagógica em saúde, pedagógica hospitalar e classe hospitalar. Pinel como um homem do seu tempo, e espaço até hoje a nos provocar curiosidade.

O texto começa destacando a "forte inclinação para a vida religiosa, aos 22 anos resolveu estudar medicina e entrou para a faculdade de Medicina de Montpellier. Localizada no sul da França, esta instituição era considerada um importante centro de debates e aprendizado na área médica, pois foi uma das primeiras universidades de Medicina da Europa, fundada em 1220. Pinel formou-se em 1773 aos 29 anos e logo depois tornou-se doutor pela Escola de Medicina de Toulouse. Por ser residente em Paris, frequentava os círculos de escritores, literatos, cientistas, ou seja, de personagens imbuídos pela filosofia iluminista." (ANM)

'Em 1793, o Governo Revolucionário o nomeou médico chefe do Hospital de Bicêtre, localizado nas proximidades de Paris. Diante das precárias condições em que os alienados se encontravam, Pinel solicitou autorização à Assembleia Nacional para retirar as correntes dos pacientes, tratamento usual para os doentes mentais. Tal gesto e sua teoria foram contestados por muitos autores, mas bastante referido como mérito do médico francês: "libertando a loucura dos grilhões". (ANM)

Phillipe Pinel foi o principal percussor do processo de mudança que possibilitou o surgimento do alienismo na sociedade moderna. Ele integrou a corrente que constituiu o saber psiquiátrico por meio da observação e análise sistemática dos fenômenos perceptíveis da doença." (ANM)

"De acordo com vários especialistas, Pinel observou a influência da hereditariedade na evolução do distúrbio mental da mesma forma que apontou as causas morais como as mais prováveis para a alienação. Por todo o século XIX outros alienistas deram continuidade a tais conceitos a partir das observações feitas por Pinel. Apesar da ênfase dada à questão da hereditariedade ter variado, na segunda metade do século XIX passou a ser apontada como um fator-chave no desenvolvimento das perturbações mentais." (ANM)

"Pinel considerava a alienação mental como qualquer outra doença orgânica, por concebê-la como um distúrbio das funções intelectuais (funções superiores do sistema nervoso) sem a constatação de inflamação ou lesão estrutural." (ANM)

"Para explicar a loucura, o alienista identificou três causas, tais como: as causas físicas que se ligavam às fisiológicas; as causas ligadas à hereditariedade e as causas morais (paixões intensas, excessos de todos os tipos, irregularidades dos costumes e hábitos da vida)." (ANM)

"Pinel defendia a cura da loucura por meio do chamado "TRATAMENTO MORAL" ¹, que consistia em uma ampla PEDAGOGIA normalizadora com horários e rotina rigidamente estabelecidos, medicamentos receitados somente pelo médico e atividades de trabalho e lazer." (ANM)

"Nesse sentido, podemos aventar a ideia, de que Pinel construía assim, o que hoje denominamos de PEDAGOGIA HOSPITALAR, no caso, não-escolar, focando na alegria contida em trabalhar e desfrutar do prazer da vida pela via do lazer. Assim, a instituição hospitalar lhes oferecia coisas e proposta, envolvendo-os em atividades pedagógicas ligada à Psicologia Educacional, que pode ser traduzidas pelo planejamento, execução e avaliação de propostas lúdicas, recreativas, expressões corporais pelas sensações e percepções etc." [HIRAN PINEL]

Em 1795, Pinel foi para o hospital de Salpetrière, onde ficou por 31 anos. Ao morrer de pneumonia em 1826, Pinel deixou como discípulos Jean-Etienne Dominique Esquirol" (ANM) (1772-1840) e um dos fundadores da Educação Especial Jean Itard (1774-1838)" [HIRAN PINEL].

"No sentido filosófico (teórico) Pinel foi marcado pelo "sensualismo". Ele trabalhava com uma abordagem descritiva da ciência. O método dele tinha pontos com a história natural, pois, nele pai da Psiquiatria, o ato de conhecer nasce da observação empírica dos fenômenos. Assim é da "experiência" (sensual) que origina o conhecimento da "pessoa humana"." [HIRAN PINEL]

"Então Pinel, inspirado em Condillac produziu e criou seu método de pesquisa que consistia em "observar e descrever". Esse seu procedimento é mais forte na sua obra "Tratado médico-filosófico sobre a alienação mental ou a mania", que é o primeiro livro do mundo que disciplina a classificação das alienações mentais. Esse ponto de vista de perceber o mundo, Pinel busca referências, sendo assim discípulo, em Hipocrates (460 a.C.-377 a.C.) e especialmente do filósofo francês Étienne Bonnot de Condillac (1714- 1780) e outros, marcado pelo "sensualismo". [HIRAN PINEL]

"A Epistemologia Sensualista nos indica alguém (cientista; profissional de ajuda numa Pedagogia da saúde mental) que foca nas sensações - as percepções humanas, estas que são a forma simples e básica, que a desvela o verdadeiro "processo vivido da cognição" (pensamentos, reflexões, resolução de problemas, raciocínios, psicomotricidade etc.), sendo essa, a "cognição na sua essência". [HIRAN PINEL]

"Esse modo de ser cientista, na época, já estava presente na Filosofia grega como no estoicismo e no epicurismo. Vamos tocar em Epicuro de Samos, nome grego que significa "aliado, camarada", nasceu em Samos, no ano de 341 a.C., falecendo em Atenas entre 271 ou 270 a.C. [HIRAN PINEL]

"Podemos considera o grande fundador da "clínica", ao nosso perceber, no "aqui-agora" do ano de 2014, é o encontro humano livre e aberto na moderação dos desejos de Epicuro. Um clínico que demanda estar pressente no interesse refinado do pesquisador (e do profissional da saúde), que pelo esforço da empatia, que nunca é plena, relativa que é, para e com aquela pessoa que sofre, promove cuidados, mudanças sentidas, debruça sinceramente interessado no outro, e com o outro. Epicuro e o outro que pacientava, eles mesmos, clamam por cuidados, de modo explícito ou implícito, focando nas sensações e percepções corporais e afetivas [HIRAN PINEL]

"Esse (co)movimento de "sensacional sensação" pode vir a facilitar o "desvelamento da cognição", aquele acontece na sabedoria com o outro, no mundo. Uma sabedoria na quietude das emoções e na saúde, que ela mesma contém a amizade. O irmão-camarada [e uma espécie de um "onde" (lugar-tempo) reside o "ser' no seu mais alto prazer de ser-no-mundo". [HIRAN PINEL].

"Prosseguindo, o sensualismo produziu impacto nos sensualistas britânicos, penetrou o ser dos associacionistas (também britânicos), e adentrou aos positivistas no século XIX. Era preciso um sintonizada de ''si-corpo'' para a alma e a mente se tocarem, ainda que isso não se explicitasse, pelo mecanismo de uma lógica determinista, que aqui ousamos contrapor contra a nossa vontade, mas ao nosso desejo" [HIRAN PINEL].

"Pinel, um médico do seu tempo-e-espaço, não foi arrogante, por certo, mas persistente e perseverante. Vendo um ex-paciente que andava pelo hospital da época, ficou encantado com os modos como aquele moço simples conversava sem medo com todos os doentes, inclusive os amarrados para serem contidos. Convidou-o a ajudá-lo, por uma quantia que o Estado dispôs a agradar Pinel. A perspicácia de Pinel e a sua sensibilidade com o outro que poderia ser desprezado, levou a esse que foi paciente, e agora curado, de nome Jean Baptiste Pussin  (1746-1811), a "atuar" (clinicar, como um leigo, não menos interessado e cuidadoso) colaborando com o nascimento de sua Psiquiatria. Pinel pediu colaboração da esposa do rapazote, Madame Pussin. O nome desse rapaz, entrou nos anais da Psiquiatria e da Saúde Mental pelo próprio doutor. Philippe chegou a descrever a ação de Baptiste em um dos seus livros, e o fez com atenção e consideração - em uma descrição científica" (HIRAN PINEL)

"Pinel produziu um texto escrito que deixou um enorme legado à ciência da Saúde Mental, a de que um ex-paciente pode ajudar a cuidar dos doentes, um lugar que ele já esteve e ajudando, sente onde estão. o cuidador Pussin cuida daquele que um dia ele foi.'' [HIRAN PINEL]

''Jean passou a cuidar daqueles que um dia "foi si"; afinal, ele atuou em um espaço onde um dia ele se localizava como paciente. Hoje, como um profissional, podemos descobrir que nascia o que se denomina hoje dele de Pussin ser o pai da Enfermagem da Psiquiatria (ou da Saúde Mental) e de um dos que fizeram nascer o esboço do que é hoje denominado de Pedagogia Hospitalar, ainda que atuasse sob orientação e ou supervisão de Pinel e nesse sentido, de hoje, vamos pelo menos dizer, que contemporaneamente, ele seria o co-autor dessa Pedagogia" (HIRAN PINEL)

"(...) Nesse sentido, podemos imaginar a escola presente no hospital como uma ferramenta de oposição à loucura produzida por aquele sociedade e cultura da sua época. Uma vez, doutor Pinel pediu a esse homem chamado Pussin, para ensinar [e gerar aprendizagem] a escrever e calcular, e outros conhecimentos, a um grupo de crianças internadas naquele hospital, e ele o fez com a atenção de um professor. Ora, isso mais aproxima Pinel como criador de uma Pedagogia Hospitalar, agora na área da escolaridade e da escolarização, do que contemporaneamente, reafirmamos, se anuncia como Classe Hospitalar." (HIRAN PINEL)

"Pussin, sob orientação do doutor Pinel, conversava com os pacientes, fazia cumprir as normas pedagógicas de auto-cuidados higiênicos físicos de impacto na área mental e emocional, dava aulas para as crianças, produzia brinquedos, brincava, inventava vários modos de recreação. obviamente dentro daquele complexo contexto iluminista. Dá para imaginar Pinel orientando Pussin, e esse último reinventando possibilidade de cumprir as sugestões "pinelianas", e mesmo, posso fantasiar ele as subvertendo, pois um ex-paciente é sempre inventivo e conhece, e Pussin percebia com quem lidava, uma espécie de "si mesmo, e ao mesmo tempo, diferente de si" (HIRAN PINEL).

***

¹ Tratamento aplicado a todos os indivíduos que não se enquadravam nos padrões sociais de comportamentos. O tratamento moral era praticado pelos alienistas e incluía o afastamento dos doentes do contato com todas as influências da vida social nas instituições psiquiátricas, aqueles considerados loucos eram submetidos as normas e disciplinas rigorosas. 

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REFERÊNCIAS:

ACADEMIA Nacional de Medicina. Philippe Pinel. SITE: http://www.ccms.saude.gov.br/hospicio/text/bio-pinel.php

PINEL, Hiran. que ampliou o texto, e para isso, pro questões de autoria, insere seu nome entre colchetes.

PINEL, Philippe. Tratado sobre a insanidade. Livro de 1801; em 1809, na segunda edição quando amplia da primeira, descrevendo Pussin colaborando em retirar as correntes que atracavam os loucos ou doentes mentais da época.

PINEL, Hiran. Philippe Pinel (1745-1826), o grande Fundador da Pedagogia Hospitalar (classe hospitalar e o lúdico na saúde) em todo mundo, e Jean Baptiste Pussin  (1746-1811) como co-autor desse fenômeno. Vitória, ES: IP/ USP, 1999. Trabalho acadêmico.

PINEL, Hiran. Philippe Pinel: aprendendo com o outro; quinta-feira, 8 de junho de 2017; hiranpinel.blogspot site: http://hiranpinel.blogspot.com/2017/06/800x600-normal-0-21-false-false-false.html

"Não se deve realizar uma pesquisa fenomenológica com comportamentos ansiosos [grifo meu] ou que previamente almejam a compreensão dos fenômenos sem imergir e conhecê-los na existência, no dia a dia de uma pesquisa [...] é necessário haver tranquilidade e registro ipsis literís [grifos meus] do que se apresenta"
(Fraga e Gomes, 2023, p.67).
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FRAGA, M. A.; GOMES, V. Fenomenologia e altas habilidades/ superdotação Políticas públicas, metodologia e pesquisas. (e-book), EDUFES, v. 26. 2023. Disponível na internet
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reflexão: acordos e contrapontos
A ANSIEDADE DO PESQUISADOR DA ESFERA FENOMENOLÓGICA
Adorei a citação acima na hora que a li em um projeto de pesquisa. Não atinei quanto à autoria, primeiro li o sobrenome Fraga... Depois vi que é de Fraga e Gomes, nossos colegas. Pensei: muito bom! É um citação que pode ensinar ao cientista fenomenológico iniciante, e mesmo o já mais tarimbado, como irei refletir uma patologia é uma patologia, e ela pode pegar aos mais sábios, Albert Einstein dizia que era muito ansioso (risos). Se a frase de Fraga e Gomes, ao ser lida, entendida e compreendida, gerar "aprendizagem significativa", como dizia Carl Rogers, é um sinal de que o pesquisador tem uma ansiedade que pode ainda ser trabalhado por ele "com ele mesmo" - vamos usar um termo coach (risos), de autoajuda das mais simples; MAS, se a frase não ensinar, e nem gerar verdadeira aprendizagem, é que ela pode ter ser lida, e não ser entendida e muito menos compreendida, aí o melhor é o ser humano "aprendente" (pró)curar ajuda ou cuidado de um profissional clínico na esfera da subjetividade. A frase deles, Fraga e Gomes, "me representa" (representa-me)... Acho isso, tenho vivido esse fato sentido com meus orientandos: ansiedade. Interessante, é que tem vez que a díade relacional desvela algo, o que? Ali no setting clínico orientando-orientador, ainda que essa (relação) se estabeleça em sala de aula, podemos supor que é algo da patológica vida - doentia existência. Um existir malogrado. Uma ação profissional descontrolada, logo um profissional que presta um desserviço à comunidade, à ciência. O pesquisado aponta uma falta mínima de "estima por si', um confiança básica cortada e que sangra ali, pede ajuda, e que o orientador, numa dimensão de ofício, só pode crer que ele reestabelecera a paz com um prática educacional (existencial), e como é fenomenológico o professor, uma "aula existencial". O orientador comum, não precisa ser um clínico profissional, mas sensível fenomenologista, e então, ao se revelar assim, perceber[a até as condições somáticas que acompanham o psiquíco do seu querido aluno: suores, corpo rígido e crispado, dificuldade de relaxamento, uma angústia densa, tensa e intensa etc. Não uma angústia comum ao existir, mas a ansiosa. O aluno pode relatar, como já aconteceu comigo, de que "eu adoro estudar com o senhor, mas depois que o senhor começou a pedir-me os dados nascidos do/ no campo, para que eu os coletasse e os descreve cientificamente, parei de sentir vontade de vir as aulas e aos encontros de orientação, estou perdendo sono um dia antes... Coleto, mas nada me agrada, não presto atenção em nada e nem ao que meu irmão gosta...". Esse humano orientando, demasiada pessoa, tão efêmera e comum, fica em um estado, metaforicamente febril, que pode ceder realmente a uma febre. Um ser de uma intranquilidade, um "avoa(dor)" soturno, que não fixa a atenção, e a desatenção tem produzido registros vazios, não convincentes pela fragilidade ou pela discursividade intelectualizada de uma pessoa simples que aceita entregar parte dela ao pesquisador - não falo de prática "fake" (intencional mentira descritiva, isso seria um crime) e uma falta de ética e digno de reprovação. Descrevo essa "ansiedade psicopatólogica" do cientista, em um esfera que exige um contra-ataque, uma espécie de "soturno-contra", ou seja o método fenomenológico se opõe a essa ansiedade exagerada. Ora, nossa proposta é de uma investigação onde a empatia ou epoché ou envolvimento existencial, ou como diz o Vitor Gomes, uma "imersão" no vivido do outro, pela via sóbria do escutar, se faz urgente, uma clínica da urgência, cujo cura/cuidado é a tranquilidade. Mas, não, o que tem ocorrido, na ansiedade inoportuna, é aquilo que se descreve aquele que come sem sentir o gosto da comida: "ele engole aquilo que deseja comer, comida sem ser comida, sem ter gosto e nem nada - sem sabor sentido". Dito de outra forma: é comum o orientador ler uma descrição e perceber facilmente que ali está escrito um texto de um orientando despreparado para sentir e saborear o método fenomenológico, que é de pesquisa e de intervenção, devido a ansiedade de ser-no-mundo. Esse pesquisador "deseja escutar, tendo por parâmetro, um si mesmo". Ele chega em casa e o que recorda é "dele mesmo", e não ouve a pessoa que colabora com sua pesquisa, a voz do outro é apagada com sua voz - a própria voz não vitoriosa no modo de ser. Ele escuta o que deseja escutar. Comumente o pesquisador me diz quando eu o questiono, e ele justifica: "é que o gravador, na hora, não funcionou, não sei porque, eu fiz tudo como manda as normas do celular, e eu sempre usei, só agora deu errado". Então, ele escreve de memória. Não que esteja errado escrever de memória, é até que pode eventualmente, mas al descrever, ele distorce demais, vá pra campo outra vez, e tome tenência na vida profissional (risos). Mando, ao retornar ao campo, e quando posso, vou junto, um ser-com autenticidade. Quando fui, foi o que Fraga e Gomes descrevem: impulsividade como a atitude nascida da ansiedade patológica. Como cantava o antigo (e ex-engajado - risos) compositor e cantor Raimundo Fagner: "(...) calma violência, calma". Na impossibilidade, (pró)cure um terapeuta, e na falta de coragem e invenção de que não tem grana para pagar um clínico, vá a um massagista, naquela ou naquele ali da esquina da vida (risos), pois, tem vez que é só relaxar, mergulhar em água fria, sentir a pele levantar-se (arrepiar-se), e ela dizer-lhe; "Cara! Arrepia-se com a pessoa no e do seu campo, aquela que generosamente colabora com você, ó seu ingrato!" (risos) E, se não conseguir, bem, se ainda persistir esse quadro clínico, eu converso com o estudante de ciência, que almeja ser cientista, e lhe digo: quem sabe outro método de pesquisa pode dar conta de ti? E antes que ele fique entusiasmado, eu lhe antecipo: "mas antes é preciso perguntar se alguém te quer, se algum orientador o deseja, pois, se nem a pessoa que colabora com você (no campo) tu não consegue, bicho!" (risos) Quem te quererá sou eu, pra ver se dou conta e na minha prepotência de curador, quem sabe eu curo a minha própria dor, o ferido que feriu a si mesmo, ao te escolher, escolhendo-me. hpinel. 06 abril 2024; as 17h29min.